1) Há quanto tempo você possui uma paixão pela música, pelo seu instrumento preferido e/ou técnica musical?
Eu sou apaixonada pela música desde que eu era muito pequena. Tenho lembranças de minha mãe fechando os armários de panelas da cozinha com elásticos para que eu não os pudesse abrir para fazer batucadas nas panelas quando era bebê! Aí logo então ganhei um xilofonezinho e comecei a tocar. E não parei mais!
Nesta foto, eu tinha 1 ano e 9 meses de idade.
2) Qual música pode pode ouvir no repeat sem se cansar (ou ficar doido) ?
Eu sou apaixonada por ouvir cantoras e ficar reparando nos detalhes técnicos e emissão de cada uma delas (Acho que por isso eu virei professora! Hehe!). Em paralelo a isso, adoro ler biografias desses cantores. Uma última super inspiradora que li foi a do Paul Stanley, vocalista do Kiss (banda de rock), que tem uma garra de vida impressionante que mexeu comigo. Estou lendo a da Renée Fleming, soprano americana, e também da Deborah Voigt. E da Neyde Thomas também, claro! Soprano brasileira com quem tive o prazer de ter aulas. Todas essas pessoas eram movidas por um sonho. Todas tiveram um começo e passaram por dificuldades. Adoro perceber isso e aplicar na minha própria vida. Assim, me sinto feliz aprendendo isso para poder repassar aos meus alunos para motivá-los.
3) Conte-nos sobre a aula mais difícil ou desafiadora que você já deu !
Cada aluno tem sua individualidade, e cada um tem suas facilidades e dificuldades. Eu sempre anoto, em minhas aulas, os registros de cada um, aula a aula, para ter um parâmetro de sua evolução. Sempre paro e pesquiso formas novas de ajudar esse aluno a se desenvolver, seja através de uma nova abordagem técnica do conhecimento musical ou de uma conversa aberta a trocar experiências de vida. Gosto muito de conhecer e ajudar meus alunos! Isso me faz muito realizada!
4) Qual, na sua opinião, é o instrumento/técnica vocal mais difícil de tocar/aprender e por quê?
Na minha opinião, qualquer instrumento ou técnica vocal demanda treino e dedicação. E, com treino e dedicação, você pode aprender qualquer coisa que você queira. Basta escolher uma rotina para estudar, cantando e observando cantores, escutando, ouvindo conselhos, lendo livros. E, claro, tomando um tempo para si próprio para ouvir sua voz interior para saber qual caminho seguir. Não é a toa que meu lema é “Eu ajudo pessoas a encontrarem sua própria voz”. É nessa jornada que eu quero ajudar! A ajudar as pessoas a encontrarem sua própria voz e colocá-la no mundo.
5) O que você considera ser a chave para o sucesso do aprendizado?
Na minha humilde opinião, a chave para o sucesso tem muito a ver com dedicação e persistência. Tem a ver com tentativa e erro também. Aliás, recentemente, eu estava assistindo a uma masterclass da Joyce DiDonato, uma excelente mezzosoprano americana, e ela descrevia muito bem o processo da descoberta do canto. Tem dias que tudo se encaixa perfeitamente! Tem dia que a voz está perfeita, que nós conseguimos fazer o corpo funcionar a nosso favor. Mas, às vezes, no dia seguinte, nós esquecemos, e logo bate o desespero. Alunos queridos, se até a Joyce DiDonato passou por isso, é uma prova mais do que suficiente de que é um processo natural do aprendizado. E, partindo do meu ponto de vista, VENCE quem continua trilhando o caminho. Quem ESCOLHE seguir enfrentando todos os medos, todas as barreiras que a vida coloca e que nos fazem ser mais fortes. Dedicação é a palavra chave!
6) Cite três artistas que você amaria compartilhar um palco junto ! 😀
Em mente, aparecem-me logo os Barbixas, que são um grupo de comédia, especificamente de improvisação, do qual eu sou fã.
E por quê? Ainda hoje eu estava assistindo a uma entrevista de um deles. Aliás, eu adoro entrevistas! Adoro conhecer o backstage das coisas! E foi interessante ele falar que não existe “lua virada” na arte. O momento que você está no palco é o momento presente. Sua atenção precisa estar completamente focada no presente, no momento do espetáculo. Dividir o palco com eles seria magnífico, porque eu enxergo essa dedicação deles. É como se eles dissessem: “Vamos deixar tudo que não tem a ver fora do espetáculo e vamos praticar a atenção ao que está acontecendo neste momento”. É assim que o resultado tão legal chega ao público.
Falando em música, sou muito fã da Joyce DiDonato, que tem uma habilidade fantástica de ensinar e uma leveza de espírito que se transmite na arte dela. Conhecê-la em pessoa seria uma honra!
Ah sim! Falando em honra, eu tive a alegria de dividir o palco com o David Rendall, um tenor inglês fantástico que inclusive cantou no aniversário da Rainha da Inglaterra! Pensa numa pessoa fantástica? É ele!! E isso já aconteceu comigo!! Uhu!! Nossa, eu estava ao lado dele, ouvindo aquela voz límpida e cristalina, mesmo com a idade avançada dele e com as dificuldades dele em andar (lembro de tê-lo visto no backstage com uma muleta). E nossa! Era um papel curtíssimo na ópera Eugene Onegin, mas ele fez de uma maneira tão marcante que virou minha inspiração até hoje! A arte teatral dele é magnífica! Veste o personagem totalmente! E o canto então… Sensacional! Ficaria horas falando dele aqui! Hehe!
7) Divida conosco uma história engraçada referente à sua profissão !
Quando fiz Romeu e Julieta, eu fazia o Mercuccio, e o combinado era que eu pegasse alguém da plateia aleatoriamente para subir ao palco e fazer uma improvisação. Eu, que não enxergo um palmo à minha frente sem meus óculos, costumo fazer personagens sem óculos, sem lentes, sem enxergar quase nada! Confesso que uso o fato de não enxergar bem sem os óculos como subterfúgio para usar mais o coração na arte e ir pela intuição.
Ok, dito isso, e frisando que eu usava um óculos escuro sem grau para piorar qualquer chance que eu tinha de enxergar, estava aleatoriamente pegando alguém na plateia. Fui, peguei a mão de uma moça que senti estar disponível. E pensei “Nossa! que energia boa! Gostei dessa pessoa”.
Depois, quando acabou a peça, eu descobri que eu peguei a minha Coach para subir ao palco – simplesmente a pessoa que possibilitou que tudo isso acontecesse. A pessoa para quem eu contei meus sonhos e que me ajudou a desenhar o caminho para estar lá, realizando o espetáculo. Quando eu descobri, ri demais! Hahahaha!! “Era você o tempo todo?”. Só fui pela empatia e pela energia boa! Que legal que a intuição funciona, né? Isso foi magnífico!
8) Qual seu segredo para ser um professor com um fã clube de alunos?
Acho que o segredo é amar o que você faz. Sejam aulas de canto, seja amar o cuidado que você tem para possibilitar aquela pessoa a realizar um sonho, seja também através de amar trazer sorrisos e alegrias para essas pessoas. Faz parte do meu trabalho trazer esse conforto para o aluno. Não só a parte técnica, mas de enxergá-lo como ser humano, que tem barreiras fora do conhecimento técnico musical que interferem eventualmente no trabalho de cantor. Eu estou sempre buscando me especializar tanto tecnicamente quanto emocionalmente, ouvindo minha voz interior, fazendo minhas terapias, enfrentando meus medos, para ser esse exemplo que o aluno precisa. E, para isso, é crucial ser um bom ouvinte. Ouvir o aluno em todos os sentidos, tanto vocal como emocional, para detectar os pontos a serem trabalhados. Acho que é esse o segredo, afinal. Ser, de verdade, essa pessoa. Ser o que está descrito no anúncio.