O consumo de álcool pode ajudar no canto?

Caros leitores: Podemos considerar a música como um idioma?
Creio que sim, pois a música é, na minha opinião, uma linguagem universal, que rompe fronteiras geográficas e culturais. Senti isso muito claramente na pele enquanto estive cantando nas óperas da Inglaterra. Por mais que não entendesse às vezes às instruções em inglês, a instrução musical era bastante óbvia. 

Considerando, então, a música como uma linguagem, tomo a liberdade de fazer um paralelo com um estudo da Maastricht University, que constatou que uma baixa dose de álcool pode facilitar na comunicação de um segundo idioma, principalmente se ele for novo ao estudante.
Se funciona para um segundo idioma, funciona, então, também para a música, seguindo o raciocínio. Entretanto, iremos recorrer sempre ao álcool para nos desinibirmos? Estaríamos assim incentivando um vício,  e não a resolução do problema. Qual problema? A falta de confiança.

O que o álcool faz é tirar momentaneamente o senso crítico individual. Com menos críticas, mais autoconfiança (será?), e mais segurança no novo idioma, ou na nova linguagem. Os medos técnicos e linguísticos são mascarados a cada gole. A pesquisa fala sobre o consumo moderado de álcool, e frisa que um consumo abusivo tem efeito oposto. Ainda assim, torno a dizer: Até quando vamos usar o álcool para mascarar nossos problemas?

Eu, particularmente, tinha também um vício, do qual tenho sofrido uma abstinência forte: o vício por doces. Estou “limpa” há um mês. E nesse tempo, grandes têm sido as tentações. A família apelando, dizendo que o doce tem adoçante e que não engorda, sendo que o meu objetivo é enfrentar a minha ansiedade, e não emagrecer. Ou o namorado, num ato falho, compra a minha bolacha favorita ao invés de trazer o leite que pedi. Fora uns 3 ou 4 sonhos com pavê, comendo doces. Largar um vício não é fácil. Por isso, incentivo a todos que nem comecem, principalmente se forem substâncias psicotrópicas que causem dependência.

O que eu aprendi nessa abstinência? Que o doce (ou o álcool, que vira açúcar no organismo) vem para criar uma falsa sensação de relaxamento e conforto, sendo que o seu problema ainda continua lá – a falta de confiança. Também aprendi que o doce é um sabor infantil, e que é uma tentativa frustrada de adiar a resolução em si, esperando que alguém mais poderoso seja o seu herói salvador e que te resgate daquela angústia, que, em verdade, é parte necessária para a maturação e solução da questão.

E então, como resolver efetivamente isso? Como ser verdadeiramente mais confiante?

Primeiramente, passando por um processo de abstinência. Negue-se a consumir essas substâncias, ou negue-se a atender esse impulso compulsivo (pode ser qualquer coisa! Vício por videogame, por compras, comida, bebida, etc… ). Pode ser que lhe dê uma baita agonia. Permita-se senti-la. Ouça sua voz. Só assim, você terá chance de encontrar quem você realmente é. Use e abuse de processos de autoconhecimento para auxiliar nessa jornada tão desafiadora. Para mim, a prática do canto traz esse tipo de reflexão do inconsciente. Terapias também. Isso faz um bem danado! 

Descubra quem você é! Encontre sua voz! Expresse-se! Permita-se escutar sua voz interior. Faça soar aquilo que há mais belo em você!

4 comentários em “O consumo de álcool pode ajudar no canto?”

  1. Texto profundo e consistente que vai de encontro muitos ensinamentos e práticas religiosas que elevam o espírito como as meditações, jejuns e orações.
    A energia economizada na mortificação leva ao contato mais profundo consigo mesmo e facilita o insigth.
    Obrigado por compartilhar.

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